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Na véspera de Natal, o amor se espalha. As luzes piscam como se estivessem piscando para o coração da gente, e o ar fica mais doce, mesmo antes da sobremesa. É a noite em que o mundo inteiro combina, sem assinar nada, de ser um pouco melhor.
Na véspera de Natal, o mundo entra em modo teatro. Todo mundo interpreta a melhor versão de si mesmo, mesmo que o ensaio tenha sido inexistente. É a noite oficial do “vamos fingir que está tudo bem”, com trilha sonora repetida, sorriso colado com fita dupla face e amor distribuído em doses calculadas para não passar do limite do constrangimento.
É quando o amor sai do modo economia e se espalha: vai para a mesa, para o abraço apertado que dura um segundo a mais, para o pedido de desculpa meio tímido, para o “fica mais um pouco” dito com os olhos. A felicidade não chega de fogos, chega de mansinho, senta no sofá e fica.
Na véspera de Natal, a sinceridade entra em recesso. Desculpas são adiadas para janeiro, mágoas são escondidas atrás da árvore e todo mundo concorda, por algumas horas, que a família é linda, unida e emocionalmente estável. Spoiler: não é. Mas ninguém ousa dizer isso antes do amigo secreto.
Na véspera de Natal, até as lembranças resolvem fazer as pazes. Quem falta vira saudade boa, quem está perto vira presente embrulhado em riso. As palavras ganham açúcar, os silêncios ganham sentido, e o coração aprende a falar mais alto que o relógio.
O amor até aparece, sim, mas meio cansado, pisando em ovos, tentando não derrubar a decoração. A felicidade posa para a foto, sorri, e vai embora assim que alguém pergunta “e a sua vida, como está?”.
Que nessa noite a gente espalhe amor como quem acende velas: uma chama puxa a outra, e de repente tudo está iluminado. Que a felicidade escorra pelos cantos da casa, invada a rua, atravesse o ano novo que vem chegando. Porque o Natal, no fundo, é isso: um acordo silencioso de cuidar, amar e acreditar que, pelo menos hoje, o mundo cabe dentro de um abraço.
#natalem familia


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