Papai Noel deita no divã, ajeita o gorro como quem ajeita a própria identidade e suspira. O analista faz silêncio profissional, desses que custam caro.

“Doutor”, começa Noel, “eu entrego felicidade em caixas, mas quem embrulha a minha?”
O analista anota algo que parece um trenó com rodas quadradas.

Noel segue, olhos perdidos no teto. “As crianças não escrevem mais cartas. Mandam links. Link, doutor. Eu sou um senhor de barba branca competindo com frete grátis.” 🎁📦

O analista pergunta sobre a infância. Noel se anima. “Fui criado por duendes produtivos, uma meritocracia de gorros verdes. Desde cedo aprendi que errar a lista é trauma coletivo.” Pausa. “E se eu for só um algoritmo afetivo? Um hábito sazonal com cheiro de canela?”

O analista oferece um lenço. Noel recusa. “Prefiro biscoito. Terapia é carboidrato emocional.”

Ele coça a barba, pensativo. “Será que ainda acreditam em mim… ou acreditam na ideia de mim?” O relógio faz tic-tac, lembrando que até a eternidade tem agenda.

Ao final, o analista sugere descanso. Noel sorri cansado. “Descanso eu tiro em janeiro, quando viro decoração.”

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