Dezembro é um reality show sem botão de desligar. Para sobreviver, vista o uniforme oficial: repelente como perfume, paciência como protetor solar e cinismo em cápsulas de liberação lenta.

   Os mosquitos fazem plantão 24h, treinados para atacar exatamente quando você decide ser uma pessoa melhor e abrir a janela. As sobras de peru entram na terceira reencarnação, agora disfarçadas de “refogado criativo”, enquanto o panetone assume a função de tijolo emocional. Duro, eterno, onipresente.

   As crianças estão em “recuperação”, aquele limbo pedagógico onde elas não estudam, não descansam e você vira monitor de recreio, psicólogo e técnico de TI ao mesmo tempo. O salpicão aparece no café da manhã como se fosse normal, olhando para o café e dizendo: confia.

   Lá no fundo, Simone pergunta “então é Natal, o que você fez?”, como se você tivesse tido tempo de fazer qualquer coisa além de sobreviver. E Roberto Carlos ressurge com “esse cara sou eu”, lembrando que dezembro também é sobre egos, trilhas sonoras inevitáveis e uma leve vontade de gritar dentro do freezer.

    Manual de sobrevivência: não questione o cardápio, aceite o looping musical, abrace o caos com guardanapo na mão e lembre-se de que janeiro é logo ali. Dezembro passa. As histórias ficam. E o salpicão… bom, esse talvez também fique, sempre acompanhado de um punhado de passas.


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