

A magia começa no final de novembro, quando juramos a nós mesmos: “Este ano serei organizado. Não deixarei para a última hora”. Uma mentira que contamos a cada 365 dias.
A lista evolui de um rascunho em um post-it para um documento complexo que faria um estrategista militar chorar. Você precisa urgentemente comprar coisas que ninguém pediu, que ninguém quer e que, em fevereiro, estarão mofando no fundo de uma gaveta.
Você entra no shopping e é imediatamente recebido por uma horda de pessoas hipnotizadas que tiveram a mesma ideia brilhante que você indo sacrificar suas contas bancárias e detonar o cartão de crédito. É a versão natalina do Walking Dead, só que em vez de zumbis, são pessoas desesperadas lutando pelo último perfume ou a última camisa no tamanho M.
É lindo de ver, aquele momento mágico em que o shopping vira uma espécie de apocalipse: pessoas desesperadas, suadas, empurrando carrinhos como se estivessem disputando a última vaga no Titanic. Tudo isso embalado por “Então é Natal” tocando pela quinquagésima vez, como se fosse uma forma de tortura aprovada pela ONU.
O momento mais emocionante: escolher presentes para parentes que você vê duas vezes por ano e cujo gosto você conhece tanto quanto as constelações do hemisfério norte. Você entrega a lembrancinha, a pessoa sorri com aquela expressão de “amei, vou doar amanhã”, e tudo segue o ciclo natural da vida natalina.
Você encontra o presente perfeito para o seu pai… mas a fila do caixa tem três voltas e a música “Jingle Bell Rock” está tocando no volume máximo pela quinquagésima vez, fazendo você questionar a sanidade da humanidade
Após horas de batalha, sacolas pesadas e uma conta bancária em estado de choque, embrulhos que custaram quase o preço do próprio presente, você chega em casa. Missão cumprida. Mas aí você olha para a sacola e percebe que, no meio da confusão, comprou dois pares de meias para a sua avó e um skate para o seu gato.
Lembre-se de sorrir quando você finge que adorou ganhar o kit de sabonetes com cheiro de “floresta mágica” — floresta essa que só existe na imaginação de quem formulou a fragrância às 3h da manhã, provavelmente deprimido.
Natal não é sobre paz, amor e união — é sobre sobreviver à temporada de compras sem perder a dignidade. Ou perder, mas pelo menos com cashback.
E, claro, a certeza de que no próximo ano, você fará tudo diferente. (Spoiler: não fará).


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